ducArte

das utopias com Arte.

segunda-feira, junho 09, 2008

consegui!

tentaram cortar-me as pernas...
estou de volta!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

cut off my legs and call me shortie.

sábado, julho 08, 2006

espírito da nação


" [...] Se Afonso Henriques fundou o reino, D. Sebastião criou a alma nacional ou, pelo menos, durante cinco séculos e milhões de páginas nos garantiram que sim. Ainda hoje o dr. Cavaco é D. Sebastião. E de repente uma senhora a soldo da ciência ameaça demonstrar que o Desejado passou directamente da posse de um emir imundo para um buraco nos Jerónimos, como garantia Felipe II, o intruso de Espanha. A humilhação não se descreve. O sebastianismo, essência do nosso próprio ser, esburacado por uma análise de ADN, mata Portugal. A sra. ministra faz bem em não permitir esse desastre. Sem a espada do Conquistador e a esperança de salvação numa manhã de nevoeiro, sobra o quê?".

Vasco Pulido Valente, in Público 08-07-2006

excelentes quotas

" [...] Ter de aturar este calvário no ano da graça de 2006 é algo de profundamente enervante. As mulheres não vivem nem num enredo de Alves Redol nem num daqueles posters do "Amor é..." As mulheres são sujeitos de vontade, estudam, trabalham, pagam impostos e já lhes basta, em Portugal, terem visto a matéria de interrupção voluntária da gravidez ser sujeita a referendo graças a Marcelo e Guterres.
Para estes ex-líderes e outros infelizmente não ex como Alberto Martins, as mulheres não são mulheres mas sim Excelentes Senhoras cujos assuntos eles mantêm em terçarias. O que são terçarias? Ah, isso o Pierrot não sabia, mas foi nessa condição que D. Joana e vários infantes portugueses e castelhanos viveram parte da sua vida: aristocráticos reféns, de destino tão incerto quão excepcional era o tratamento que lhes era reservado".

Helena Matos in Público, 08-07-2006

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

à minha beira, companheiro

Companheira

Deixei pousar minha boca em tua fronte
toquei-te a pele como se fosses harpa
escorreguei em teu ventre como o vento
e atravessei-te em mim como se fosse farpa

Deixei crescer uma vontade devagar
deixei crescer no peito um infinito
morri da morte lenta do desejo
e em cada beijo abafei um grito

Quando desfolho o livro velho da memória
sinto que o tempo passado à tua beira
é um espaço bom que há na minha história
e foi bonito ter dito companheira

Inventei mil paisagens no teu peito
rebentei de loucura e fantasia
quando me olhavas devagar com esse jeito
e eu descobri tanta coisa que não vias

Havia em ti uma forma grande de incerteza
que conseguias converter em alegria
havia em ti um mar salgado de beleza
que me faz sentir saudades em cada dia

Quando desfolho o livro velho da memória
sinto que o tempo passado à tua beira
é um espaço bom que há na minha história
e foi bonito ter dito companheira



sábado, janeiro 07, 2006

o que não se diz

Atrapalhei-me tanto que os felicitei por uma sonata de Schumann que não tinham tocado, e alguém me corrigiu em público de forma desagradável. A impressão que tinha confundido as duas sonatas por simples ignorância ficou espalhada no ambiente local e foi agravada por uma explicação aturdida com que tentei remediá-la no domingo seguinte na minha resenha crítica ao concerto.
Pela primeira vez na minha longa vida senti-me capaz de matar alguém. Voltei para casa atormentado pelo diabinho que sopra ao ouvido as respostas devastadoras que não demos a tempo, e nem a leitura nem a música mitigaram a minha raiva. [...]


in Memória das Minhas Putas Tristes, Gabriel Garcia Marquez

interrompido pela Rosa Cabarcas

[...] Por sorte, Rosa Cabarcas arrancou-me do desvario com um grito ao telefone: Estou feliz com o jornal, porque não pensava que fazias noventa mas sim cem. Respondi-lhe irritado: Viste-me assim tão fodido? Pelo contrário, disse ela, o que me surpreendeu foi ver-te tão bem. Que bom que não és daqueles velhos espertos que aumenta a idade para os julgarem em bom estado. E mudou sem transição: Tenho o teu presente. Surpreendeu-me de verdade: O que é? A menina, disse ela.

in Memória das Minhas Putas Tristes, Gabriel Garcia Marquez

terça-feira, dezembro 27, 2005

hibridismos


By cultural hybridity, we are not talking about some happy process of integration of differences. Instead, we are referring to what Homi Bahbha calls the 'return of the gaze of the discriminated back on the eye of power'.

C. McCarthy (1998). The Uses of Culture. Education and the Limits of Ethnic Affiliation. London: Routledge.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

o vasco

Na televisão, além disto, a impropriedade e a asneira fervem. E na televisão por cabo, em muitos casos, já não se usa mesmo o português. Quem recebe relatórios de organismos do Estado, ou de uma empresa (de um banco, por exemplo), ou de um médico, está habituado às contorções que os peritos precisam para dizer a coisa mais trivial e óbvia. E não vale a pena insistir no e-mail ou nas mensagens SMS, que raramente excedem a comunicação do primata inferior. Chegámos, como povo falante, muito próximo do grunhido.


in Público, 09.12.2005