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das utopias com Arte.

terça-feira, junho 14, 2005

Concerto

A sala do Royal Festival Hall acrescentou valor ao imenso que já tem.
Lá, a Mariza chorou. E os que lá estavam não a deixaram sozinha.
Cantou, cantou. Com microfone, sem ele, a voz era tudo o que se movia naquela sala. As guitarras, do melhor que Portugal tem, o melhor que no mundo há, projectavam a sua voz. A sonoridade a denunciar o toque brasileiro: Jaques Morelenbaum. A presença de Mariza em palco soube receber o público: apaixonou todos os que lá estavam, portugueses e não-portugueses, e evitou a reunião com tom doméstico que o fado poderia criar com os que há muito estão longe da terra.
A técnica e a afinação sem hesitações estavam lá; mas foi a paixão, a simplicidade da estética, aquela oposta ao simplismo, a de génio mesmo, que fizeram arrepiar.
Para quem não ouvia fado mais que cinco minutos, fiquei a chorar por mais: literalmente.
O profissionalismo acrescido de talento faz-me escrever e dizer: grande concerto e, já agora, que orgulho ser portuguesa.
'Mariza chegou, desta vez, onde só os maiores intérpretes chegam' - é verdade.